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Após a maratona de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no último fim de semana, os colégios já começam a se preparar para a próxima edição. Este ano, a dificuldade das questões em relação às edições anteriores chamou a atenção dos professores, que já pensam em novas estratégias de treinamento dos candidatos.
As “pegadinhas” nunca antes vistas na prova de Matemática, o conteúdo bem específico no caderno de Linguagens e muitas fórmulas em Física e Química chamaram a atenção de alunos e docentes. Até a prova de Ciências Humanas, conhecida por privilegiar interpretação e análise de textos, teve questões que só podiam ser resolvidas com o domínio do conteúdo estudado ao longo do ano.
Augusto Neto, professor de Geografia do Colégio pH, diz que as questões mais conteudistas no Enem deste ano indicam a necessidade de uma abordagem diferente na preparação em sala de aula:
— A prova não traz nenhum conteúdo injusto, mas requer que os professores façam uma preparação um pouco mais qualitativa. Antes, a gente adotava uma abordagem mais reflexiva, em que grande parte do foco era em ensinar o aluno a interpretar.
Segundo ele, este ano o aluno precisou de muito mais conteúdo para responder aos tópicos, em comparação com edições anteriores.
— Os textos e as imagens até ajudavam, mas a resposta não estava no enunciado — avalia. — A partir de agora, a prova exige que os professores trabalhem os conteúdos de maneira mais aprofundada, conciliando isso com o aperfeiçoamento da interpretação.
Essa mesma noção se aplica à prova de Matemática. O professor de Matemática Fabiano Maciel, do Colégio Liceu Franco-Brasileiro, conta que muitos alunos reclamaram do teor do teste deste ano, mais aprofundado e com questões muito longas. Em função disso, vários não conseguiram concluir a prova a tempo.
— Esse perfil vem se firmando nas últimas edições do Enem. Os professores precisam trabalhar cada vez mais exercícios com essas características em sala de aula, para que os candidatos possam otimizar o tempo na hora do teste — acredita.
MUDANÇA ESPERADA
Para Márcio Branco, professor de História do curso on-line QG do Enem e do colégio Pensi, esse estilo de prova era esperado e já podia ser percebido nas avaliações anteriores.
— Quem acompanha o Enem já sabia que a prova estava indo para este caminho. A surpresa é que houve um salto maior nesse sentido entre a prova do ano passado e a deste ano. Nos outros anos, a mudança era percebida de forma pontual — explica.
Branco diz que o exame, desta forma, se consolidou:
— Não dá mais para um colégio afirmar que se trata de uma prova rasa.
Publicada em 28 de outubro de 2015
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