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A propaganda, conforme está escrito nos manuais das ciências de mercado, é uma forma de comunicação persuasiva dirigida ao público consumidor, com o objetivo de ressaltar os diferenciais competitivos de produtos e de serviços colocados no mercado por determinado fornecedor. À luz desse conceito mercadológico, há uma grande dificuldade, ou até mesmo a impossibilidade, de uma família fazer qualquer diferenciação entre as escolas particulares de Fortaleza, na hora de escolher aquela onde seus filhos deverão estudar, considerando que não existe nada mais parecido que a propaganda por elas veiculada, sempre focada nos resultados de vestibulares, agora substituídos pelo Enem, especialmente o primeiro lugar de medicina e de direito.
Foi o que se viu mais uma vez com a divulgação dos resultados do Enem 2014, quando todas as mídias foram invadidas pelos indiferenciados anúncios publicitários dessas escolas. O tema era um só: primeiro lugar nisso ou primeiro lugar naquilo e, ao final o lote principal dos primeiros lugares ficou distribuído entre essas escolas, que comemoraram, cada uma na certeza de ter ocupado um espaço na mente e no coração do consumidor. Vã ilusão!
A repercussão do primeiro lugar como diferencial competitivo estava na singularidade. A pluralidade tirou sua força impactante, banalizou-o, mitigando o seu poder de convencimento. É chegada, pois, a hora da escola elaborar uma nova comunicação publicitária, que ultrapasse os rasos limites da pragmática aprovação no vestibular e se coloque como um instrumento de educação e de cidadania. Para substituir a perniciosa obsessão do primeiro lugar, fonte do individualismo deseducativo, pela universal tese da formação de cidadãos conscientes e sujeitos da história, fundamentada na solidariedade humana e nos valores éticos, necessários à construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É isso que a família espera da escola.
Antônio Araújo
professoraraujos@gmail.com
Professor, jornalista e advogado
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